Os princípios gerais fascistas, o exemplo italiano
O discurso do fascismo contra o
capitalismo e a democracia liberal nasce no exato momento do início do seu fracasso
(as consequências do fim da primeira guerra e a quebra de 29 foram fundamentais
para isso) e com o avanço dos comunistas em diversos países do mundo. Não é a
toa que o ''bolchevismo''e sua revolução é temida por todas as forças politicas
no século xx.
Por conta disso é necessário um
antagonista que esteja preparado para confrontar o dito ''perigo vermelho''
representado não só pelos partidos comunistas, mas pelas organizações operárias
e camponesas de um modo geral. Dai nasce primeiro o discurso:
1° Essencialmente antiliberal, ou
seja, rejeita o modo de ação de parte dos capitalistas, principalmente dos
especuladores e alguns movimentos os latifundiários também. Isso não significa que
de forma homogênea tenham defendido a expropriação de toda a burguesia,
socialização dos meios de produção, organização operária e camponesa.
Geralmente as propostas de contraposição
ao capitalismo era o ‘’Estado corporativo’’, ‘’sindical’’ etc. O que em maior
ou menor medida defende a conciliação capital e trabalho (mesmo sendo de
maneira menos ‘’ortodoxa’’ do que é feito atualmente pelas organizações
continuadoras desse legado).
2°Essencialmente anticomunista;
combatendo ideologicamente (materialismo, ateísmo) e fisicamente os marxistas,
seus partidos e organizações operarias. Numa tentativa de intimida-los para ter
um maior controle ‘’operacional’’ das ruas e respectivamente dos movimentos políticos.
Porque os social-democratas e socialistas
(do tipo reformista) por sua condição eleitoral e institucional foram
inicialmente os primeiros alvos, acovardados, o avanço ocorreu posteriormente
para as organizações revolucionárias. O resultado? Muitos confrontos, mortes e
disputa pelas ruas.
As organizações representantes da
3° via crescem na medida em que o sistema democrático e capitalista entre em
crise e se desintegra. Existem diversas composições e discursos, mas costumam
manter uma base de alguns princípios históricos, como apontados acima.
O projeto econômico fascista
Inicialmente o fascismo não tinha qualquer programa econômico para governar, muito menos um projeto de intervenção do Estado na economia.
O projeto econômico fascista
Inicialmente o fascismo não tinha qualquer programa econômico para governar, muito menos um projeto de intervenção do Estado na economia.
Inclusive, sequer existia concretamente um plano politico claro dos objetivos a curto, médio e longo prazo, caso conseguissem o poder, isso ocorreu não só pelas contradições internas, mas também por problemas de ordem organizacional do então grupo dos conhecidos ''camisas negras''.
É possível exemplificar de maneira simples essa questão num trecho retirado do discurso do próprio Mussolini, então eleito para seu primeiro mandato como deputado do Partido Nacional Fascista em 1921.
Vejamos o que ele diz:
''O Estado deve ser reduzido á forma mais simples. Deve ter um bom exercito, uma policia, uma organização judiciaria funcionando regularmente, uma politica exterior que consulte as exigências da nação. Tudo o mais deve ser relegado á atividade privada''
Ainda não havia qualquer programa concreto por parte do fascismo sobre a economia nacional. O projeto do Estado corporativo surgiu posteriormente em consequência de alguns fatores.
1)A crise econômica gerada pela guerra, e claro, o não cumprimento das promessas pelos parte dos aliados. Esse fato levou que durante o período entre 1919 á 1921 ocorressem problemas graves na economia, como o desemprego, principalmente dos combatentes que estiveram na guerra, diga-se de passagem, um dos motivos do surgimento do fascismo italiano. A insatisfação gerada pela situação, criou nos ex-soldados, cabos, capitães, uma revolta usada para fins políticos por agitados como Mussolini e de Gabriele D'Annunzio.
2) As greves gerais sistemáticas comandadas pelos socialistas,econômicas e politicas (chegando ao ponto de terem tido a possibilidade de conquistar o poder, mas pela capitulação de alguns lideres não terem dado o xeque-mate). Tais recuos também contribuíram para a ascensão do fascismo ao poder, pois deu força moral e ideológica para sua posterior reação contra as organizações operarias.
Esses acontecimentos forçaram o fascismo a formular um programa econômico de intervenção do Estado, e também de formar uma parceria entre o Estado e as empresas privadas para alavancar o desenvolvimento do pais. O fascismo também precisou controlar os sindicatos, tirar os socialistas de lá, para fazer a união forçada entre capital e trabalho.
O dito ''Estado corporativo'' funcionou como um ''New deal'' italiano, impulsionando obras públicas de infraestrutura para gerar emprego e com isso renda, ao mesmo tempo em que controlava os salários e proibia as greves, já que os sindicatos fascistas nada mais eram do que fachadas para o mantenimento da ordem vigente, e portanto, dos seus interesses políticos.
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