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sexta-feira, 29 de abril de 2016

Kim Jong Il: "Para Compreender Corretamente o Nacionalismo"




É importante compreender corretamente o nacionalismo. Quando as pessoas o praticarem, será possível conquistar a unidade da nação, defender seus interesses e fazer contribuições para forjar seu destino.

O nacionalismo foi criado como uma doutrina chamada a defender os interesses da nação em processo de suas formação e desenvolvimento. Cada nação, formada em distintas épocas, é um grupo social constituído e consolidado ao longo da história, sobre a base da identidade sanguínea, linguística, regional e cultural, e consta de diversas classes e setores sociais. Em nenhum país ou sociedade existe um indivíduo isolado e excluído da nação. Todos são seus membros, uma vez que integram determinada classe ou camada social, devido ao qual possuem identidades nacionais e classistas. Estas, da mesma forma que as exigências de classes e as nacionais, estão estreitamente vinculadas. Desde já, as classes e camadas que integram a nação possuem diferentes demandas e interesses por sua respectiva situação socioeconômica. Entretanto, todos têm interesses comuns relacionados com a salvaguarda da independência e identidade nacionais e a conquista da prosperidade do povo acima de seus interesses de classe ou de setor. Assim é porque o destino da nação se identifica com o de seus integrantes e está implícito em cada indivíduo. Ninguém quer a identidade de sua nação ignorada e sua soberania e dignidade sejam atropeladas. O amar de sua nação, apreciar suas peculiaridades e interesses e aspirar seu desenvolvimento representa a ideia, o sentimento e a psicologia comuns de seus componentes, cujo reflexo é precisamente o nacionalismo. Em outras palavras, o nacionalismo é o ideal que propugna amar a nação e defender seus interesses. Como as pessoas vivem e forjam seu destino confinadas ao Estado nacional, o genuíno nacionalismo se identifica com o patriotismo. Seu caráter progressista reside em defender os interesses da nação, amar esta e a pátria.

O nacionalismo se formulou como um conceito progressista, ao passo que formava e desenvolvia-se a nação, mas no passado foi considerado como um ideário que defendia os interesses da burguesia. É certo que no período do movimento nacional antifeudal os burgueses emergentes se puseram sob a bandeira do nacionalismo. É que naquela etapa seus interesses concordavam principalmente com os das massas populares na luta contra o feudalismo e por isso tal bandeira refletia os interesses comuns da nação. Após o triunfo da revolução burguesa, ao desenvolver-se o capitalismo e converter a burguesia em classe dominante reacionária, o nacionalismo passou a servir como um meio para proteger os interesses desta classe. Porque a classe burguesa, disfarçando os seus interesses como se fossem nacionais, o nacionalismo passou a ser usado como um instrumento ideológico para a realização de seu domínio, este passou a ser considerado como uma doutrina burguesa, divorciado de interesses nacionais. Deve-se distinguir o verdadeiro nacionalismo, que exige amar a nação e defender seus interesses, do nacionalismo burguês que defende os interesses da burguesia. Nas relações com outros países e nações, este se manifesta como egoísmo nacional ou exclusivismo ou como chauvinismo de grande potência. É um ideário de índole reacionária que semeia o antagonismo e a discórdia entre os países e impede o desenvolvimento das relações amistosas entre os povos da Terra.

A teoria revolucionária antecedente da classe operária não possui explicações corretas sobre o nacionalismo. Prestou a atenção primordial ao fortalecimento da unidade e solidariedade da classe trabalhadora mundial; questão que se apresentou naquele tempo como um problema essencial no movimento socialista, mas não se interessou como era devido pelo problema da nação. Para piorar a situação, a causa dos grandes prejuízos que causava o nacionalismo burguês a este movimento, foi marcada por uma corrente ideológica antissocialista, razão pela qual seria considerado incompatível com o comunismo e passou então a ser repudiado.

Este é um critério errôneo. O comunismo não é uma doutrina que defende unicamente os interesses da classe operária. Defende, também, os interesses da nação. É uma ideia autêntica que ama a esta, e a pátria. O mesmo se pode dizer do nacionalismo. Amar o país, a nação, é uma ideia e sentimento comum do comunismo e do nacionalismo, e constitui a base ideológica para uma aliança de ambos. Portanto, pode-se dizer que não há qualquer razão ou justificativa para colocar o comunismo como contrário ao nacionalismo e rejeitar este último.

O nacionalismo não está em contradição com o internacionalismo. Internacionalismo é ajudar, apoiar e solidarizar-se com todos países e nações. Dado que existem fronteiras entre os países e diferenças de nacionalidades, e o processo revolucionário e construtivo se efetua pela unidade da nação, o internacionalismo representa as relações entre os países, as nações, e possui como premissa o nacionalismo. A verdade é que um internacionalismo separado da nação e divorciado do nacionalismo não significa nada. Se um é indiferente ao destino de seu país e povo, este não pode ser fiel ao internacionalismo. Os revolucionários de cada país devem ser leais ao internacionalismo mediantes os esforços, principalmente, pelo desenvolvimento e pela prosperidade de sua nação.

Pela primeira vez na história, o grande camarada Kim Il Sung apresentou uma explicação correta para o nacionalismo e na prática revolucionária para forjar o destino do país, e a nação solucionou brilhantemente o problema das relações entre ele e o comunismo, entre o nacionalista e o comunista. Destacou que para ser um comunista deve ser primeiro um verdadeiro nacionalista. No início, com a determinação de consagrar a sua vida para o país e para a nação, empreendeu-se o caminho da revolução, concebeu a imortal Ideia Juche, formulando com base nisso, a concepção original da nação e esclareceu cientificamente a essência e a natureza progressista do nacionalismo. Coordenando de modo mais correto o espírito de classe com a nacionalidade e o socialismo com o destino da nação, realizou a aliança entre comunistas e nacionalistas, consolidou com firmeza os campos do sinal nacional e classista do socialismo de nosso país e conduziu os nacionalistas pelo caminho da construção socialista e da reunificação da Pátria. Fascinados pela ilimitada magnanimidade e nobres qualidades humanas do Grande Líder, numerosos nacionalistas romperam com seu passado ignominioso e tomaram a via patriótica da unidade nacional e da reintegração do país. Kim Ku, que promoveu o anticomunismo em quase toda a sua vida, nos últimos anos de sua existência se aliou com o comunismo e se pôs a serviço da Pátria. Da mesma maneira, o outrora nacionalista Chou Tok Sin, abraçou a causa do Líder e se destacou como patriota. O Grande Líder não só apreciou e defendeu a independência do povo coreano como também a dos demais povos do planeta e fez todos os esforços, tanto por nossa revolução como pela causa de realizar a independência no mundo. Se poderia afirmar que no globo não houve um homem tão grandioso como nosso Líder, do qual consagrou toda a sua vida à independência, soberania e prosperidade da nação e pelo luminoso futuro da humanidade. Foi o comunista mais firme, patriota sem igual, um nacionalista autêntico e um verdadeiro exemplo de internacionalista.

Da mesma maneira que destacara o Líder, eu também sustento que para ser um genuíno revolucionário e comunista deve ser antes de tudo um ardente patriota, um verdadeiro nacionalista. O comunista que luta por fazer da independência das massas populares uma realidade, necessariamente deve ser um genuíno nacionalista. Quem se esforça pelo seu povo, sua nação, sua pátria, é um genuíno comunista, um verdadeiro nacionalista e fervoroso patriota. Como quem não ama seus pais e irmãos não pode amar seu país e seu povo, tampouco será comunista aquele que não ame sua pátria e sua nação. Seguimos fielmente a nobre ideia do Grande Líder quanto ao amor à Pátria, a nação e ao povo, e realizamos todos os esforços para aglutinar em um bloco único todos os setores e camadas da nação, e assim conduzi-los pelo caminho patriótico com uma ambiciosa política.

Atualmente os que se opõe ao nacionalismo e impedem o desenvolvimento da independência das nações não são os comunistas, mas sim os imperialistas. Para ver realizada sua ambição de domínio, eles atuam artificiosamente sob o rótulo da “mundialização” ou “globalização”. Tendo em vista de que hoje as ciências e técnicas se desenvolvem a um alto ritmo e os intercâmbios econômicos se impulsam fortemente em escala mundial, vociferam de que o ideal da edificação do Estado nacional independente, o amor à pátria, a nação e outros conceitos semelhantes, são “preconceitos nacionais atrasados para a época” e a “mundialização” ou “globalização” é a tendência desta. No mundo de hoje, onde cada país, cada nação, abre o caminho de seu destino com sua própria ideia, regime e cultura, não pode caber uma “globalização” que abarque a política, a economia, a ideologia e a cultura. As conspirações dos imperialistas estadunidenses pela “mundialização” ou “globalização” possuem como objetivo de fazer do globo um “mundo livre” ou um “mundo democrático” ao estilo estadunidense, para dominar e subjugar a todos os países e nações. A época atual é a da independência. A história da humanidade avança, não pela ambição de domínio dos imperialistas nem por sua política de agressão, mas sim em virtude da luta das massas populares pela independência. As maquinações dos imperialistas encaminhadas à “mundialização” ou “globalização” não evitarão os fracassos diante das enérgicas lutas dos povos do planeta que aspiram a independência.

Temos que rechaçar terminantemente essas maquinações dos imperialistas e lutar resolutamente pela revitalização das grandes particularidades de nossa nação e defender a sua independência. É com este objetivo que damos ênfase repetidamente em dar primazia à nação coreana.

Atualmente a tarefa mais importante que enfrentamos para defender e realizar a independência do povo é alcançar a reunificação da Pátria. A nação coreana, que veio criando uma longa história e cultura, e mantendo tradições patrióticas, está dividida em Norte e Sul por forças exógenas há mais de meio século. A divisão do território e a excisão nacional entravam o desenvolvimento unificado da nação e lhe causam inumeráveis adversidades e sofrimentos. A reintegração da Pátria é a demanda vital de nossa nação, sua vontade e aspiração unânimes.

O histórico Encontro de Pyongyang e a Declaração Conjunta Norte-Sul de 15 de Junho abriram uma nova era da grande unidade nacional e da reunificação independente do país. A Declaração esclareceu em todos os aspectos os princípios e as vias para solucionar de modo independente, e com as forças unidas dos compatriotas, o problema da reunificação da Pátria. É uma plataforma de unidade nacional, um grande programa de reunificação da Pátria, baseado no ideal de “Entre nós, os compatriotas” e penetrado pelo espírito de amar a pátria e o povo. Apoiar, defender e realizar com êxito e através da referida Declaração vem a ser a garantia fundamental da independência, da paz e da reintegração da Pátria. Toda a nação coreana, erguendo bem alto a Declaração Conjunta Norte-Sul como o grande programa da reunificação, liberará uma enérgica luta para conquistar, custe o que custar, esta causa histórica.

Diálogo com funcionários responsáveis do Comitê Central do Partido do Trabalho da Coreia (26 e 28 de fevereiro de 2002)

quarta-feira, 27 de abril de 2016

A Classe Operária e a Pátria-P. Fedosséiev

A Classe Operária e a Pátria

A classe operária levantou a bandeira da luta contra a pedra angular de toda opressão — contra a exploração do homem pelo homem. O proletariado não mais tolera a opressão nacional nem qualquer outra forma de opressão. O proletariado revolucionário dos Estados capitalistas que mantêm em servidão os povos das colônias e dos países dependentes tem por divisa de combate a célebre tese marxista — «Um povo que oprime outros povos não pode ser um povo livre».

Na época do imperialismo, a atitude para com a pátria e o patriotismo tornaram-se um dos mais ardentes problemas da luta ideológica e da delimitação política no movimento socialista internacional. No início do século XX, surgiram sobre o assunto dois pontos-de-vista extremos, ambos inaceitáveis para os marxistas. Antes da primeira guerra mundial, os anarquistas e os outros socialistas pequeno-burgueses que pregavam a indiferença para com os problemas de independência nacional chegaram a negar a ideia da auto-determinação das nações e da defesa da pátria em geral; a negar até mesmo a ideia de pátria. Por exemplo: o anarquista francês Hervé afirmava que a questão de pátria, de nação, é absolutamente indiferente para a classe operária. Os oportunistas do tipo do social-democrata alemão Vollmarafirmavam, pelo contrário, que os socialistas deviam ser pela defesa da pátria, qualquer que fosse a guerra — mesmo uma guerra declaradamente de conquista. Os «ortodoxos» da época, na II Internacional, divergiam quanto à forma dessas opiniões não-marxistas. mas eram incapazes de dar uma solução científica ao problema da atitude para com a pátria. A célebre tese do Manifesto Comunista «Os operários não têm pátria», eles a interpretavam no espírito do niilismo nacional ou então a declaravam caduca. O próprio Plekhánov, que na época defendia as posições do marxismo, não chegava a resolver a questão da pátria e oscilava do cosmopolitismo «socialista» ao social-chauvinismo extremado. Até à primeira guerra mundial, afirmava ele que a ideia de pátria era contrária ao princípio do internacionalismo, que o menosprezo aos direitos de outras pátrias era condição psicológica indispensável ao amor de sua própria pátria. Durante os anos da guerra mundial, Plekhánov — como VollmarHervé e outros oportunistas — tornou-se social-chauvinista, propagandista furioso da defesa da pátria burguesa em uma guerra de pilhagem imperialista. Assim, o niilismo nacional e o chauvinismo apresentaram-se não como antípodas mas, tão somente, como duas variedades da ideologia burguesa.

O Partido bolchevique tinha a única concepção justa, consequente, do ponto-de-vista marxista, da atitude a observar com relação à pátria. Essa concepção foi expressa nas seguintes teses clássicas de Lênin:

«Que 'os proletários não têm pátria', está dito efetivamente no Manifesto Comunista; que a posição deVollmar, de Noske & Cia. esteja em flagrante contradição com essa tese fundamental do socialismo internacional é igualmente verdade. Isso não quer ainda dizer, porém, que Hervé e os herveistas tivessem razão ao afirmar que é indiferente ao proletariado saber em que país vive — na Alemanha monarquista ou na França republicana, ou na Turquia despótica. A pátria — isto é, um determinado meio político, cultural e social — é o fator mais poderoso na luta de classe do proletariado; e se Vollmar não tem razão de estabelecer uma posição «verdadeiramente alemã» do proletariado acerca de «pátria», Hervé não tem maior razão ao se apresentar com uma imperdoável ausência de espírito crítico sobre fator tão importante da luta libertadora do proletariado. O proletariado não pode ficar indiferente com relação às condições políticas, sociais e culturais de sua luta; por conseguinte a sorte de seu país não lhe pode ser indiferente».(1)

Para os operários conscientes, o patriotismo está ligado indissoluvelmente às ideias de solidariedade internacional dos operários de todos os países, ao internacionalismo proletário, ao interesse da luta pela democracia e o socialismo. A defesa das reivindicações e dos interesses gerais da nação pelo proletariado não pode esconder o antagonismo de classe da nação burguesa; o proletariado luta também pela hegemonia no movimento de libertação nacional e se esforça por afastar a burguesia da direção da nação, cujos interesses ela trai. O proletariado luta por se tornar a força dirigente da nação. É justamente sob esse ponto-de-vista, consideradas as condições históricas concretas, que os operários conscientes resolvem a questão da defesa da pátria. Os marxistas reconhecem como legítima a palavra-de-ordem de defesa da pátria em uma guerra justa, defensiva. Os marxistas negam, entretanto, a aplicarão dessa palavra-de-ordem às guerras injustas, de conquista, porque nessas guerras ela serve para enganar o povo, para encobrir a política imperialista de pilhagem e de escravização de outros povos.

Os homens-de-vanguarda de nosso país condenaram resolutamente a política reacionária, de conquista, do czarismo. A classe operária da Rússia e sua vanguarda o Partido Comunista — combateram a guerra imperialista de 1914-1918 como uma guerra que não tinha como objetivo a defesa da pátria, mas, sim, a conquista de territórios estrangeiros e a pilhagem de outros povos. Os bolcheviques eram pela derrota do czarismo na guerra imperialista e apelaram para os operários de todos os países imperialistas no sentido de serem pela derrota de seus governos na guerra: de pilhagem, porque isso facilitava a libertação dos trabalhadores.

Defendendo a tática revolucionária, os bolcheviques se mostraram verdadeiros patriotas, verdadeiros combatentes pela libertação e desenvolvimento progressista de sua pátria. Durante a guerra imperialista, enquanto a burguesia chauvinista e seus lacaios socialistas caluniavam furiosamente os bolcheviques tratando-os de antipatriotas, apareceu o célebre artigo de Lênin «O Orgulho Nacional dos Grandes Russos», no qual ele dava as razões científica das ideias patrióticas do "proletariado socialista e de sua luta pela liberdade e prosperidade da pátria. Levando ao pelourinho os carrascos czaristas, os nobres e os capitalistas que haviam submetida nossa pátria às violências, à opressão e às perseguições, Lênin assinalava, com profundo sentimento de orgulho nacional, que a nação russa havia dado à humanidade grandes exemplos de luta| pela liberdade e pelo socialismo; que a classe operária russa havia criado um poderoso Partido revolucionário que marchava à frente das massas populares. Os bolcheviques inspiravam-se no fato de que, em uma guerra entre Estados imperialistas, é impossível defender a pátria de outra maneira a não ser pela luta revolucionária contra os grandes proprietários da terra e os capitalistas do próprio país, pela derrota do governo que oprime seu próprio povo e os povos de outros países.

Os mencheviques, os socialistas revolucionários e outros inimigos dos bolcheviques, que apregoavam a «defesa da pátria» puseram-se ao lado dos imperialistas, romperam com a causa do socialismo e traíram os interesses da pátria. Para maior proveito dos grandes proprietários de terra e dos capitalistas, eles mergulharam o país em um marasmo e no esgotamento de uma guerra de pilhagem imperialista, e o entregaram à escravização do imperialismo estrangeiro. Foi o Partido Comunista que salvou nossa pátria desse destino vergonhoso, levantando a classe operária o campesinato para derrubar o poder dos imperialistas e cria um poderoso Estado Soviético.

Os mencheviques, os socialistas revolucionários e outros social-chauvinistas eram pseudo-socialistas, pseudo-patriotas. Não foi por acaso que depois da revolução socialista de outubro foram eles os mais infames traidores da pátria, os cúmplices da contra-revolução branca e da intervenção estrangeira, os agentes dos serviços de espionagem estrangeira.

Durante a guerra imperialista os oportunistas de todos os países pregaram — sob a bandeira do patriotismo — o chauvinismo burguês, e ajudaram «sua» burguesia a enganar os operários. Já nessa ocasião ficou claro que a burguesia de vários países havia conseguido a submissão dos dirigentes dos partidos operários e das organizações sindicais, dos quais se tornou esteio. Graças à posse das colônias, à sua situação dominante no mercado mundial, os imperialistas abocanham enormes super-lucros, dos quais gastam uma pequena parcela na compra de dirigentes operários. Assim, na época do imperialismo constituiu-se uma espécie de aliança entre a burguesia de determinada nação e a parte privilegiada da classe operária, aliança essa dirigida contra toda a massa do proletariado a fim de dominar outras nações. Foi principalmente essa circunstância que impediu a classe operária de se tornar a força dirigente da nação, de quebrar a dominação de «sua» burguesia.

A classe operária defende resolutamente a liberdade e a independência dos povos, o direito das nações de dispor de si mesmas; por isso é que ela, de maneira realmente consequente, defende a pátria contra toda investida por parte dos escravizadores estrangeiros.

O socialismo traz a paz a todos os povos, a eliminação completa de toda guerra; mas, em virtude da desigualdade do desenvolvimento econômico e político do capitalismo na época do imperialismo, a revolução socialista não pode triunfar ao mesmo tempo no mundo inteiro. Enquanto existir o capitalismo, o perigo de guerra persiste. Os imperialistas lutam por uma nova partilha do mundo e tentam desencadear uma nova guerra mundial. As classes dominantes das potências capitalistas não aceitam a existência dos países socialistas; tentam com todas suas forças enfraquecer e destruir as primeiras repúblicas socialistas.

Foi nos dias tempestuosos da grande e histórica revolução de outubro de 1917 que nasceu a primeira pátria socialista do mundo. A partir, desse momento, o patriotismo tornou-se um poderoso instrumento de defesa e desenvolvimento do Estado socialista. A experiência histórica mundial da luta vitoriosa da União Soviética contra os imperialistas estrangeiros confirmou brilhantemente a justeza da teoria e da tática do Partido Comunista nas questões de defesa da pátria. Hoje os Partidos Comunistas e operários dos países de democracia popular apoiam-se nessa experiência para cortar pela raiz todas as intrigas dos imperialistas contra a liberdade e a independência das novas pátrias socialistas, que consolidam seus Estados e defendem com a União Soviética a causa da. paz e da segurança dos povos.

Na época atual, a defesa da soberania nacional e a luta contra a ameaça de escravização estrangeira assumiram uma importância vital para a classe operária, e os trabalhadores, de todos os países. A segunda guerra mundial e a política realizada desde a guerra pelas principais potências capitalistas mostram que o imperialismo atual tenta dominar não só as colônias mas também os países desenvolvidos. A luta dos imperialistas pela dominação do mundo não mais se limita ao desejo de arrancar de seus concorrentes as colônias, as esferas de influência ou uma parte de territórios; ela abrange também os esforços para a liquidação da independência e da soberania das nações há muito tempo constituídas historicamente. Tais são as consequências extremamente perigosas para o destino dos povos, consequências essas a que leva a ação da lei econômica fundamental do capitalismo atual.

Sabe-se que durante a segunda guerra mundial, os imperialistas hitleristas ocuparam a Tcheco-eslováquia, a Polônia, a Grécia, a Iugoslávia, a Bélgica, a França, a Noruega e outros países, e destruíram sua independência, instalando ali seus agentes — os Quisling e os Pétain. A mesma sorte ameaçava outros países em que os escravizadores fascistas alemães e japoneses houvessem conseguido a vitória. Durante os duros anos de domínio dos imperialistas alemães na Europa e dos imperialistas japoneses em considerável parte da Ásia, os Partidos Comunistas lutaram com abnegação para libertar suas pátrias do jugo fascista. Os comunistas mostraram ser os mais firmes, os mais resolutos e os mais dedicados na luta contra o jugo fascista, e pelo restabelecimento da liberdade e da independência de seus países.

Depois da guerra, os imperialistas americanos intensificaram a luta pelo domínio mundial e procuraram privar os povos de sua soberania nacional e de sua independência. A criação das bases militares e acantonamento de forças armadas dos Estados Unidos nos países da Europa e da Ásia; a organização dos blocos militares e políticos; a intromissão dos monopolistas americanos nos negócios internos de outros países, e seus esforços para instaurar nesses países o regime mais reacionário possível; a submissão da economia dos Estados capitalistas ao capital americano; a «exportação» da cultura do dólar e o sufocamento da cultura nacional de outros povos, — tudo isso leva à destruição da soberania nacional e à instauração do jugo estrangeiro nos países dependentes dos Estados Unidos. Os imperialistas dos Estados Unidos tentam dominar não somente os países fracos e os pequenos Estados, mas também países como a Inglaterra e a França.

Nos países capitalistas desenvolvidos a burguesia monopolista ligada aos trustes internacionais, é que constitui a força governante. Para a burguesia imperialista, seus interesses de classe — estreitamente egoísticos — e seu desejo de obter um lucro máximo estão acima da pátria, acima da independência e da soberania nacionais. A burguesia dos «compradores» representa o mesmo papel de trairão aos interesses nacionais nas colônias e nos países dependentes.

É a classe operária que de forma consequente defende a soberania e a independência nacionais dos povos, reunindo em torno de si as mais amplas massas de trabalhadores, que odeiam os imperialistas estrangeiros e os monopolistas de seus países como estranguladores da liberdade e responsáveis pela ruína e pauperismo crescentes. Nessa luta, as camadas progressistas de intelectuais nacionais que tomam cada vez mais resolutamente a defesa da cultura nacional, das liberdades democráticas e da causa da paz representam grande papel. A conduta antipatriótica da burguesia monopolista isola-a cada vez mais das massas.

As camadas da burguesia cujos interesses são lesados pelo capital monopolista tendem também à defesa da soberania nacional. Essa parte da burguesia sente que a invasão do capital americano, e das uniões monopolistas do gênero da comunidade europeia do carvão e do aço a levam à ruína. Diante da crescente ameaça de bancarrota econômica, ela é levada a procurar o apoio das massas populares contra o imperialismo americano. Nas colônias e nos países dependentes, certas camadas da burguesia nacional, cujos interesses são ainda muito mais lesados pelo capital estrangeiro e pelo curso dos acontecimentos, são impulsionadas à luta pela independência nacional, se bem que as hesitações dessas camadas sejam universalmente conhecidas.

Não se deve tampouco superestimar a força da aliança dos monopolistas nas comunidades imperialistas internacionais. A experiência mostra que essas alianças de exploradores contra explorados não eliminam de maneira alguma as contradições, a concorrência encarniçada e as guerras entre grupos e uniões de monopolistas concorrentes. Ao lado da tendência à união dos imperialistas de todos os países na base do desenvolvimento das associações monopolistas internacionais existe, e se acentua, uma tendência que opõe certas potências imperialistas a outras no terreno da luta pelo domínio do mundo. Sabe-se que os imperialistas esperam unir as nações na economia mundial, não por acordos livremente aceitos pelas nações na base de princípios vantajosos para todos, mas por sujeição econômica e por submissão dos povos através da violência, das conquistas, das anexações, etc.. As contradições entre as potências imperialistas na base da luta pela dominação mundial pelos mercados e pelas esferas de influência enfraquecem e solapam os blocos internacionais dos imperialistas.

Os Partidos Comunistas que estão à frente da classe operária são os porta-bandeiras da luta pela reorganização da sociedade em base socialista, pela independência nacional. Os comunistas são verdadeiros patriotas, são lutadores consequentes em prol da independência de seus países e contra a ameaça de dominação vinda do estrangeiro.

terça-feira, 26 de abril de 2016

O mito do ''igualitarismo'' salarial no socialismo

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Um dos mitos mais difundidos sobre o socialismo é que neste sistema "todos são iguais", no sentido de que todos recebem a mesma quantia de produtos por seu trabalho, seja ele qual for. Um suposto "igualitarismo" salarial. Alguns outros mitos, ainda mais exagerados, dizem que ninguém é dono de sua própria casa, que todos dormem debaixo de um enorme galpão comunitário compartilhando um enorme cobertor, etc.
Este "igualitarismo" salarial soa estranho a muita gente que pensa ser "injusto" que o mérito e o esforço pessoal não sejam levados em consideração. Que uma pessoa que não trabalhe seja "sustentada pelo Estado", ou que alguém que trabalhe mal ou não se esforce tenha a mesma recompensa que uma pessoa dedicada.
Reproduzo abaixo um trecho de uma entrevista de Stálin ao autor alemão Emil Ludwig, de 1932, na qual o dirigente soviético é confrontado com a questão do "igualitarismo" salarial e esclarece que o socialismo marxista nada tem a ver com isso. 

[...]
Ludwig: Sou muito grato por esta sua afirmação. Permita-me fazer a seguinte pergunta: o senhor fala de “igualamento salarial”, dando à expressão uma conotação distintamente irônica em relação ao igualamento geral. Mas, com certeza, o igualamento geral é um ideal socialista.
Stálin: O tipo de socialismo no qual todos receberiam o mesmo pagamento, a mesma quantidade de carne e a mesma quantidade de pão, vestiriam as mesmas roupas e receberiam os mesmos artigos nas mesmas quantidades – tal socialismo é desconhecido para o marxismo.
Tudo que o marxismo diz é que até que as classes tenham sido finalmente abolidas e até que o trabalho tenha sido transformado de um meio de subsistência na necessidade básica do homem, no trabalho voluntário pela sociedade, as pessoas serão pagas por seu esforço de acordo com o trabalho executado. 'De cada um de acordo com sua habilidade, para cada um de acordo com seu trabalho.' Esta é a fórmula marxista do socialismo, a fórmula para o primeiro estágio do comunismo, o primeiro estágio da sociedade comunista.
Apenas no mais alto estágio do comunismo, apenas em sua fase mais desenvolvida, é que cada um, trabalhando de acordo com a sua habilidade, será recompensado por seu trabalho de acordo com suas necessidades. 'De cada um de acordo com sua habilidade, para cada um de acordo com suas necessidades.'
Está muito claro que as necessidades das pessoas variam e continuarão variando sob o socialismo. O socialismo nunca negou que as pessoas sejam diferentes em seus gostos, e na quantidade e qualidade de suas necessidades. Leia como Marx criticou Stirner por sua inclinação em direção ao igualitarismo; leia a crítica de Marx ao Programa de Gotha de 1875; leia os trabalhos subsequentes de Marx, Engels e Lênin, e você verá quão agudamente eles atacam o igualitarismo. O igualitarismo deve sua origem ao tipo de mentalidade camponesa individual, à psicologia de compartilhar e compartilhar igualmente, à psicologia do “comunismo” primitivo camponês. Igualitarismo não tem nada em comum com o marxismo socialista. Apenas as pessoas sem qualquer familiaridade com o marxismo podem ter a ideia primitiva de que os bolcheviques russos desejam juntar toda a riqueza e então dividi-la igualmente. Essa é a ideia de pessoas que não têm nada em comum com o marxismo. É assim que tais pessoas como os “comunistas” primitivos da época de Cromwell e da Revolução Francesa imaginaram o comunismo para si próprios. Mas o marxismo e os bolcheviques russos não têm nada em comum com tais “comunistas” igualitaristas.



segunda-feira, 25 de abril de 2016

A resistência permanente de Cuba a guerra ideológica dos E.U.A



Apesar do descongelamento das relações entre Cuba e E.U.A, os cubanos seguem resistindo a politica subversiva da administração Obama contra a Ilha.


Antes de sair de Montreal, para Havana março 2016, para cobrir a viagem de Obama em Havana, eu escrevi um artigo sobre as relações Cuba-E.U.A. Referindo-se à guerra cultural para incluir, no sentido amplo do termo, a agressão ideológica e política, eu perguntei: "A questão é, será que a visita de Obama a Cuba vai fornecer aos cubanos a oportunidade de fazer progressos contra a guerra cultural, ou vai permitir os EUA a fazer mais incursões? Ou são ambos esses cenários no horizonte? "

A minha intenção naquele momento era lidar com essa questão, imediatamente após o meu regresso de Cuba. No entanto, uma característica ficou clara durante a minha estadia em Havana, e imediatamente assim seguiu. Tanto dentro, como fora de Cuba, as repercussões da visita não só continuaram, mas foram sendo incrementadas. Na verdade, no momento de escrever, um mês depois da viagem, as controvérsias ideológicas e políticas estão continuando. Essa situação é ainda está sendo promovida atualmente por Raúl Castro, 16 de abril, de 2016 Relatório Central ao 7º Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC). Ele dedicou seções importantes do Relatório para a questão das relações Cuba-E.U.A.

Desinformação de dentro de Cuba

A visita de Obama e sua comitiva, de grandes meios internacionais de comunicação, dirigidos nos E.U.A, Canada e grande parte do Ocidente. Se caracterizou em grande medida por assinalar, explicita e implicitamente, ao que o presidente dos Estados Unidos chama ''falta de democracia em Cuba''. Em consequência, o argumento segue ''há uma falta de respeito aos direitos humanos'', dos quais, ''os direitos civis/ politicos'' estão no centro do cenário. Isso não é nada novo, exceto por uma característica que muda o jogo. Pela primeira vez desde a revolução de 1959, os E.U.A, vem tendo a oportunidade d elevar a cabo essa desinformação não desde fora de Cuba, mas dentro do interior da Ilha.

Da luta contra a política dos Estados Unidos, a Cuba apologista.

Paras as pessoas fora de Cuba, sobre tudo nos E.U.A e Canada, não há necessidade de detalhar essa informação falsa, já que estava em todas as partes( a exceção de uns poucos meios),na televisão, internet, e nos meios impressos. Porém, há outra característica da agressão politica/ideológica que talvez não é perceptível para muitos, apesar que joga um papel importante no fomento da politica dos E.U.A para Cuba. No citado artigo que escrevi justamente antes da minha partida a Havana, disse:

"Antes de 17 de dezembro de 2014, muitos comentaristas [fora de Cuba] tinham sido fortemente contra a política dos EUA em relação a Cuba. Houve um distanciamento entre eles e Washington. Agora a situação mudou. Alguns deles tornaram-se na vanguarda da política de Obama-Cuba, esquecendo-se que os EUA  apenas mudaram a tática. Eles se transformaram em defensores da nova política, que serve para finalmente alcançar o seu objetivo estratégico de enfraquecer - agora por dentro -. A Revolução Cubana "

Durante minha visita a Havana, eu estava esperando que esta posição seria enfraquecida em consequência, porque abertamente (para mim, de qualquer maneira, e muitos dos meus colegas cubanos e pessoas na rua)  a atitude arrogante de Obama pregando sobre a democracia e os direitos humanos para os cubanos. Para minha surpresa, o oposto ocorreu. A visão centrada nos E.U.A sobre a democracia, e os direitos humanos, encorajaram alguns comentaristas fora de Cuba e, portanto, ainda se transformou em E.U.A.-centrismo.

O problema do E.U.A-centrismo e da democracia

Este pensamento tacanho, parece estar firmemente enraizado na mentalidade, de tal forma que o internacionalmente respeitado pensador, notável Samir Amin, em seu livro clássico sobre eurocentrismo, perceptivelmente destacou um grande problema. A barreira ideológica / política erguido ao longo de muitos séculos pelo eurocentrismo e sua prole, EUA-centrismo, é muito complexa e enraizada. Ela opera, como Samir Amin adverte:

"Sem que ninguém perceba. É por isso que muitos especialistas, historiadores e intelectuais podem rejeitar expressões particulares da construção eurocêntrica, sem ser constrangido pela incoerência da visão geral que resulta."

Por exemplo, enquanto alguns intelectuais fora de Cuba, podem distanciar-se de algumas das características mais grotescas do eurocentrismo e E.U.A-centrismo - como suas reivindicações rasas, para ser os defensores de um modelo político e econômico superior para o mundo - eles ainda podem cair como presa, das principais bases ideológicas / políticas do modelo centrado nos E.U.A.

Não é uma questão de indivíduos, mas sim a posição ideológica / política que existe objetivamente nas sociedades. A única maneira para fazer avançar uma séria resistência a uma visão paroquial sobre o sistema econômico / social / política cubano é de ter em conta dois fatores. Uma delas é que Cuba tem seu próprio sistema, cuja tradição remonta a meados do século 19 até o momento. Cabe aos cubanos melhorá-lo, assim como eles estão agora se esforçando para fazer. Em segundo lugar, independentemente de sua opinião e análise do sistema econômico / social / política dos Estados Unidos, é deles. O sistema foi desenvolvido a partir de suas próprias condições históricas e, portanto, não tem nada a ver com o caminho de Cuba. Os perigos no horizonte resultar de agressão dos Estados Unidos com base no seu secular desejo de dominar o mundo. Cabe ao povo americano levar até a estrada de mudança fundamental, não apenas para seu próprio bem, mas para o próprio futuro do mundo. Este é obrigado a ter lugar, como o povo americano - especialmente Afro-americano, jovens e intelectuais, em quem tenho plena confiança - ainda estão acordando.

A imprensa alternativa progressista fora de Cuba

Fora de Cuba, a atmosfera política altamente carregada em torno da viagem de Obama, provocou um aumento generalizado da consciência política. Muitas pessoas progressistas, e os da esquerda, estão afiando sua consciência anti-imperialista. Eles são criativamente dissecando a incursão Obama á Cuba, com facas afiadas, e políticos também vem apoiando plenamente a Revolução Cubana. Isto é extremamente encorajador.

Os cubanos na contra-ofensiva

O que também é muito inspirador, é o número de cubanos que têm enfrentado a guerra política / ideológica E.U.A, desde e durante a visita de Obama. Isto era esperado, já que esta corajosa resistência foi iniciada na sequência das declarações do Obama, e Raúl Castro, em 17 de dezembro de 2014, sobre o restabelecimento das relações diplomáticas e abertura de embaixadas.

Nessa ocasião, Obama confirmou mais uma vez que os EUA estão dispensando táticas abertamente antagônicas, que não trabalham, em favor de táticas diplomáticas que ele espera que irá funcionar para finalmente alcançar a cinco décadas de longo objetivo de extinguir a Revolução Cubana e minando a soberania da ilha. Como um subproduto desta aproximação, a Casa Branca, através desta nova incursão, espera elevar-se a uma melhor posição para influenciar os acontecimentos na América Latina - leia-se "mudança de regime" - por guerra convencional ou "soft power".

Os cubanos "guerreiros da palavra"

A contra-ofensiva em Cuba, não é tão bem conhecido de muitos estrangeiros, que podem estar interessados, mas não leem espanhol. Essa luta política / ideológica consistente e duradoura é encontrada principalmente em blogs e alguns sites. Entre as dezenas de exemplos, são os blogs de muitos escritores cubanos revolucionários, conhecidos e acadêmicos como Iroel Sánchez, Elier Ramírez e Esteban Morales, que atualmente consistem de um compêndio cheio de artigos críticos sobre as relações Cuba-EUA que se acumularam desde 17 de dezembro de 2014.

Outro desses "guerreiros da palavra" é Luis Toledo Sande. Seu blog, embora não totalmente dedicada às relações Cuba-EUA desde 17 de dezembro de 2014, tem o mérito de lidar com questões controversas no campo da cultura. Um exemplo é o aparecimento de bandeiras americanas em locais públicos em Havana ao longo dos últimos anos e como vestuário é um tipo carnaval moda. Em um de meus artigos, a sua análise dessa manifestação de incursão cultural, permitiu-me para expor as complexidades da situação atual na ilha em face da nova política dos EUA, Jesús Arboleya, é outro desses escritores e acadêmico. Seus artigos sobre o tema Cuba-EUA são reproduzidas nos blogs acima mencionados, bem como no site CubaDebate.

CubaDebate, por seu lado, tem vindo a desenvolver artigos críticos sobre o novo capítulo nas relações Cuba-EUA e - de acordo com o seu nome - provocar o debate entre os seus leitores. Centenas de comentários do público são muitas vezes publicadas em reação a apenas um único artigo. Desde 17 de dezembro de 2014, CubaDebate tinha caracterizado uma seção totalmente dedicada às novas relações entre Cuba e os Estados Unidos e foi atualizado quase que diariamente, ao lidar com outros temas nacionais e internacionais. O mesmo se aplica a Iroel La insomne ​​pupila de Sánchez, um viveiro para artigos controversos.

Confrontando a barreira centrada nos EUA

Além de algumas poucas exceções, o que todos eles têm em comum é a publicação de artigos com uma clara oposição aos pontos de vista centrado nos EUA sobre democracia e direitos humanos, embora nem todas as peças lidem com isso diretamente. O que é importante, na minha opinião, é o ponto de vista ideológico como a base a partir da qual pontos de vista sobre questões políticas específicas fluem. Atrevo-me a dizer que os intelectuais acima mencionados e muitos outros são imunes a qualquer influência dos EUA sobre o seu pensamento, ação ou outlook. Não há nenhuma maneira que esse tipo de câncer possa infectar estes escritores e os revolucionários nos grass-roots e assim corroer a cultura política cubana a partir de dentro, como seria o caso se fosse permitido seu florescimento.

Estes intelectuais e muitos outros que são menos conhecidos, mesmo em Cuba, estão na base desta resistência, e eles estão longe de estarem sozinhos. Como os comentaristas dos seus próprios blogs, muitas vezes divulgam, os comentários do público que são publicados em resposta a mensagens ou artigos refletem o que está sendo discutido, como eles dizem, "na rua."

Além disso, o artigo de Fidel Castro "Irmão Obama", lançado em 29 de março, 2016, fornece sustento e encorajamento para todos aqueles que lutam na mesma trincheira contra os E.U.A, em sua visão unilateral em matéria de democracia, direitos humanos e sua própria visão seletiva e oportunista da história. O mesmo efeito é agora resultante de Raúl Castro, 16 de abril de 2016, no relatório principal para o 7º Congresso PC. Raúl advertiu que Cuba não é ingênua sobre o objetivo de subverter a Revolução Cubana. Para culminar, em 19 de abril, Fidel Castro participou e dirigiu-se à sessão de encerramento do Congresso. Sua presença galvanizou ainda mais os militantes e as pessoas que mais tarde o assistiu na TV.

Esta oposição não está presente apenas entre os líderes. Em 18 de abril, foi inspirador para assistir alguns dos trabalhos do Congresso do Partido Comunista na televisão cubana. Uma das características que das muitas intervenções dos delegados e convidados foi uma rejeição clara da política subversiva do governo Obama em relação a Cuba. Na verdade, os trabalhadores independentes que foram eleitos delegados também se juntaram a esta oposição. Se Obama tinha visto o processo, seu sorriso perene, teria se transformado em uma carranca severa, como era esse "setor privado" muito que ele tinha a esperança de conquistar como um cavalo de Tróia dentro de Cuba.

É claro que o Partido Comunista de Cuba, de cima para baixo e de baixo para cima, é um baluarte contra a ofensiva política / ideológica dos Estados Unidos. No entanto, o desafio dos cubanos contra o ataque dos EUA no campo das ideias ainda não acabou. Por exemplo, nem todos os trabalhadores independentes têm a mesma visão expressa pelos delegados no Congresso do Partido. A situação entre os setores da juventude também representa um desafio.

Oposição cubana está ganhando terreno frente a guerra estadunidense contra a cultura socialista de Cuba

Assim, qual é a avaliação da consulta no meu artigo escrito antes da visita: "A questão é, será que a visita de Obama a Cuba fornecer os cubanos a oportunidade de fazer progressos contra a guerra cultural, ou vai permitir que os EUA a fazer incursões? Ou são ambos esses cenários no horizonte? "
Minha conclusão preliminar é que ambas estas estruturas estão atualmente a ser jogadas para fora, com o pensamento nativo cubano fazendo o máximo progresso contra a invasão conceitual dos EUA.
Seria ingênuo, talvez, a negar que a ''Obamamania'' fez algumas incursões. Isso é muito perceptível em alguns dos comentários deixados em vários posts e artigos e das reações da rua. Por outro lado, a narrativa de Obama teve um efeito bumerangue. O resultado inesperado é um debate político muito vigoroso nas bases e entre muitos intelectuais contra nós noções preconcebidas que Obama tentaram forçar para a cultura política socialista cubana.
A profundidade e a amplitude deste movimento é mais forte do que qualquer coisa que eu testemunhei desde que comecei a investigar o sistema político cubano na década de 1990.
 Assim, em Cuba, estes dois cenários estão sendo jogados fora. Uma delas é a perspectiva ingênua mal velada sobre Obama. A segunda é a firme resistência à guerra política / ideológica E.U.A, sendo travada contra Cuba. Acredito firmemente que o equilíbrio de forças é a favor da perspectiva que está combatendo a infiltração de preconceitos dos EUA dentro da sociedade cubana. Eles estão, no entanto, ambos evoluindo dentro da Revolução, que requer unidade baseada em uma troca dinâmica de opiniões diferentes. A resistência inabalável com a guerra dos EUA no pensamento cubano já está ganhando ou até mesmo sairá vitorioso.
Herói nacional de Cuba, José Martí, escreveu em 1895: "A guerra está sendo travada em nós para dominar nosso pensamento, vamos lutar pelo poder do pensamento."

Arnold August, um jornalista canadense e professor, é o autor de a democracia em Cuba e as eleções de 1997-98 e, mais recentemente, Cuba e seus  vizinhos: Democracia em Movimento.Os vizinhos de Cuba em consideração são, por sua parte, e os EE.UU., por oposição, Venezuela, Bolivia e Equador. Arnold pode ser seguido em puede: Twitter @Arnold_August



















sábado, 23 de abril de 2016

Combater os inimigos externos e internos do movimento comunista

Como comunistas e socialistas, é fundamental hoje fazer um recorte exato nos aliados e inimigos políticos.
Por que digo hoje ?
Anteriormente, pelo menos antes da queda da URSS, e mesmo com sua degeneração, era perceptível quem deveria ser oposição, e os aliados, desde lá, as coisas mudaram, e para muitos a situação não fica clara, ou não tão evidente, graças ao maniqueismo e manipulações ideológicas, e claro, falta de conhecimento teórico.
A direita, praticamente continua a mesma, nenhuma grande mudança, seja do ponto de vista programático ou ideológico, então o problema não está ai.
O problema está na esquerda, a partir da década de 70 com o surgimento de ideologias e praticas estranhas ao marxismo, e consequentemente ao socialismo, começaram a ter influência na linha politica dos partidos de esquerda, dos socialistas aos comunistas, os últimos, já degradados pelo revisionismo, sofreram ainda mais com tal problema.
E sua queda politica foi grande, de grandes partidos comunistas, ligados a classe operária, ou seja fortes, tornaram-se uma caricatura da social democracia.
Um dos principais fatores para esse acontecimento, foi o surgimento, e o crescimento, do liberalismo dentro do movimento comunista, o que por fim, o levou a sua derrota, mesmo que provisória, na década de 80.
Hoje é fundamental ter mais do que claro, que o liberalismo, e o dito pós-modernismo, seja em que movimento for, são nossos inimigos, e como tal devemos trata-los, seja quem for, ou o que representar. Não é possível avançar um movimento revolucionário da classe operária, dos trabalhadores, camponeses, com tais ideologias estranhas ao marxismo e ao socialismo.
Só seremos vitoriosos quando a militância tiver consciência desse fato, porque não é classe trabalhadora, os camponeses, que inseriram essas ideologias estranhas no movimento comunista, quem fez isso foram os próprios militantes de ''vanguarda'', praticando o revisionismo e destruindo por dentro as organizações.
Vemos como isso vem corroendo e minando o movimento como um todo, é fundamental uma reação, uma revolução interna, cultural, ideológica, pratica, deve acontecer para que possamos varrer tais ideologias e elementos estranhos do movimento comunista, revolucionário e socialista de maneira geral.