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sábado, 19 de dezembro de 2015

Recessão econômica e o processo de desindustrialização no Brasil

Para que seja possível o entendimento do tema, suas variáveis e características, primeiro é necessário que o contexto econômico e politico seja exposto, para que não se cometa injustiças de cunho analítico ou estatístico. O Brasil vem enfrentando nos últimos anos, primeiro uma queda no crescimento, inicialmente apresentou-se de forma ''leve'', porém constante, o que sucedeu posteriormente não apenas numa baixa temporária do crescimento econômico do pais e sua arrecadação, como uma retração continua do PIB.

O crescimento do PIB brasileiro nos últimos 14 anos tem sido com números modestos[1],(tendo como exceção o ano de 2010, no qual o Brasil cresceu 7,5%, no fim do auge das vendas de commodity), mesmo se compararmos com os outros países dos Brics por exemplo, claro que a China é uma exceção entre todos, não só no que refere-se a Brics, mas mundialmente falando. Para que fique da forma mais transparente possível, em 2012 enquanto o Brasil registrou um crescimento  de 0,5%, a China cresceu 7,6%, a Índia 5,5%, a Russia de 4%, e a Africa do Sul 3,2%[2]. 

Quando a China começa a sofrer com a desaceleração econômica, isso afeta não só o Brasil[3], como o mundo[4],[5], primeiro e de maneira mais intensa nos países dependentes da exportação de matéria prima, como minério de ferro, soja, petróleo( sendo que o preço do barril chegou aos 30 dólares, por haver uma alta oferta do mesmo, principalmente por conta da exploração do xisto nos E.U.A, e da decisão da OPEP em não reduzir a produção, capitaneada pela Arabia Saudita, aliada de longa data dos Estados Unidos no oriente médio),[6],[7],[8].

Diante dessa crise econômica, que não depende apenas de fatores internos de reação, mas que contribuem evidentemente para sua piora, já que a receita adotada pelo governo Dilma, é o mesmo adotado pela oposição quando esteve no governo, com menor grau de intensidade, porém que tem como consequência os mesmos resultados, queda no crescimento, desindustrialização, desemprego, inflação e aumento dos juros para facilitar a vida dos especuladores e rentistas[9],[10],[11],[12].

A retração do PIB, e por consequência a recessão econômica[13],[14], está levando o Estado brasileiro para uma das piores crises estruturais no que tange não só a economia, como a politica e social, já que há uma reação em cadeia quando os problemas econômicos afetam duramente a população de forma direta. É o caso da inflação[15], e do desemprego[16], ambos estão diariamente na realidade concreta da classe trabalhadora, desde quando vão comprar um simples pão, até quando são demitidos por contingência financeira por parte da empresa.

Déficits econômicos sequenciais levaram os brasileiros de modo geral, não mais apenas a classe média, há uma inquietude e falta de paciência com o governo. Nesse diagnóstico também é possível inserir os seguidos casos de corrupção explorados pela mídia diariamente, que juntam-se  aos problemas econômicos e transformam-se num barril de pólvora, provocado constantemente com faíscas vindas das decisões politicas(na economia) tomadas pelo atual governo, sempre tentando cortar gastos em setores essenciais do serviço público, como educação[17] e saúde[18], para gerar superávit para o pagamentos dos juros da divida[19],[20],[21], o maior assalto cometido contra o Brasil, ao lado da sonegação fiscal bilionária[22].

Tal momento politico e econômico, e a falta de uma perspectiva de melhora a curto prazo, provoca uma insatisfação  recorrente de ponta a ponta. Ou seja, não presa apenas a oposição politica de direita, a elite ou a classe média mais conservadora, é possível visualizar claramente durante todo esse período, um aumento muito mais do que considerável entre as camadas populares, os trabalhadores, que não mais estão tendo paciência, ou mesmo esperança, no atual governo e sua politica de ajuste fiscal e corte de direitos, enquanto a elite(ou parte dela), mesmo articulando um golpe contra a presidente da republica são agraciados com o aumento de juros, faturando na especulação financeira, em detrimento do país que se afunda cada vez mais na recessão, e na crise institucional.

Um dos problemas acarretados pela crise econômica, e as decisões politicas que vem sendo tomadas para contorna-la, é a aceleração da desindustrialização do país. Esse fenômeno iniciou-se não só no Brasil, mas na África, como toda a América Latina, e o Oriente Médio no curso dos últimos trinta anos, desde a crise da dívida externa dos anos 1980,  é a chamada ''desindustrialização precoce''[23], ou seja, a industria nacional antes do seu desenvolvimento completo, seu auge, começa a sofrer um retrocesso nas suas capacidades de produção, não só tecnológica, mas de investimento.

Há outros fatores que englobam a desindustrialização, e que podem estar interligados entre sí ou não, por exemplo, entre eles está a realocação da mão de obra da indústria para o setor de serviços, em outras palavras, terceirização(diga-se de passagem proposta essa impulsionado pelo próprio empresariado brasileiro),[24]. Outras questões como produtividade, investimento, aumento da renda per capita, já que a participação do emprego industrial também é reduzida em contrapartida ao aumento do emprego dos demais setores, também influenciam nessa questão e nas suas variáveis.

No Brasil, esse problema começa a tornar-se mais evidente e  ganha maior notoriedade, a partir de 2008,09. Mas já demonstra seus resultados alarmantes na década de 90, quando começa o processo de privatização das empresas públicas[25], Incluindo a siderurgia nacional, fundamental para a industria pesada e seu planejamento a longo prazo, com a privatização os interesses nacionais foram postos a vontade de investidores estrangeiros, que atualmente decidem os rumos produtivos do país.

Como não é do interesse dos países desenvolvidos, que os países em desenvolvimento tenham sua própria industria nacional, independente e soberana, logicamente utilizam-se da privatização, para manter sua hegemonia politica, econômica, tecnológica e estrutural perante esses países, fazendo apenas a disputa entre seus próprios blocos econômicos, ou seja, os bancos e multinacionais. Mantendo os países em desenvolvimento sob controle, endividados e como seu principal cliente industrial e financeiro.

Além do que já foi exposto, é fundamental explicitar mais alguns dados para seja possível ir mais fundo nesse problema. Todas as inter-relações, contextos variáveis internas e externas foram colocadas justamente para detalhar da melhor forma possível as circunstâncias, motivações, e decisões que levam o desenvolvimento industrial brasileiro estar em declínio, e portanto retrocedendo. Em 2015 encaminhamo-nos para ''menos de 9% na participação da indústria de transformação no PIB (Produto Interno Bruto). O setor de serviços já alcança cerca de 60% da mão de obra ocupada. A redução do crescimento médio anual do PIB per capita, de 4,1% entre 1950 e 1980 para 0,9% de 1981 a 2014 - inferior a 1% ao ano, comprova a desestruturação no período''[26].

Esses dados, entre outros que foram colocados, apenas confirmam esse processo, desde seu inicio até o atual momento em que vivemos. Seus desdobramentos já são vistos na crise do sistema capitalista que arrasta-se há mais de 5 anos, e com o aprofundamento da crise econômica e politica, nacional e internacional, que se mostra irremediável, principalmente nessa estrutura econômica com o alto grau de especulação financeira, tanto sua amenização e muito menos a resolução a curto e médio prazo viram, a tendência é o aumento do desemprego, dos cortes em direitos sociais e mais ''explosões das bolhas financeiras'', como dos E.U.A em 2008[27], no qual os bancos foram salvos pelo Estado[28], ou da China[29] que mostra seus limites, mesmo o Estado intervindo tentando impedir o inevitável[30].

A solução desses problemas(que se inter-relacionam) virá com a anulação da dívida pública, nacionalização da industria e estatização do sistema financeiro, reestruturando todo o planejamento de desenvolvimento do Estado nacional. Colocando como princípios a garantia ao emprego, salário digno e todos os direitos fundamentais. Investimento em infraestrutura, de mobilidade férrea e viária, ampliando a capacidade tecnológica nacional e toda a sua cadeia produtiva.


Notas:


































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